Martov | |
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Julius Martov | |
Dados pessoais | |
Nome completo | Yuli Osipovich Tsederbaum |
Nascimento | 24 de novembro de 1873 Istambul, Império Otomano |
Morte | 4 de abril de 1923 (49 anos) Schömberg, Alemanha |
Partido | Operário Social-Democrata Russo Comunista da União Soviética[carece de fontes] |
Religião | Ateísmo |
Julius Martov ou L. Martov (em russo: Ма́ртов), pseudônimo de Yuli Osipovich Tsederbaum (em russo: Ю́лий О́сипович Цедерба́ум; Istambul, 24 de novembro de 1873 – Schömberg, 4 de abril de 1923) foi um político e revolucionário marxista socialista russo conhecido por ter sido uma importante liderança menchevique.[1]
Nascido em uma família de judeus liberais de cultura russa,[2][3] começou sua militância política na última década do século XIX,[4][5] tendo sido detido e condenado ao exílio interno em algumas ocasiões.[6][7] Ao lado do então aliado Vladimir Lênin, fundou a União de Luta para a Emancipação da Classe Trabalhadora de São Petersburgo[2][8] e o jornal revolucionário marxista Iskra, publicação oficial do Partido Operário Social-Democrata (POSDR) concebida para coordenar os descontentamentos e as reivindicações contra o czarismo.[9][10][11]
No entanto, as relações com Lênin ficaram estremecidas ao longo dos primeiros anos do século XX por conta de divergências partidárias[1][12][13] que levariam a constituição de duas alas rivais no POSDR: os bolcheviques (liderada por Lênin) e mencheviques (liderada por Martov).[14][15] Durante a Revolução Russa de 1905,[16] Martov avaliava ser prematura a tomada do poder pelos socialistas, uma vez que inexistiam na Rússia Imperial os pré-requisitos econômicos e sociais teorizados por Karl Marx para a implantação do socialismo.[17] Para o líder do mencheviques, a oposição revolucionária deveria se organizar gradualmente em dumas provincianas, sovietes e cooperativas, grêmios e sindicatos de trabalhadores, até que a revolução popular substituísse espontaneamente o governo autocrático.[16][17] Em 1912, as duas facções se tornaram partidos políticos separados.[18]
Após a Conferência de Zimmerwald, Martov consolidou-se como líder da corrente minoritária internacionalista dos mencheviques, sendo regularmente contrário a diversas posturas oficiais do partido.[18] No transcurso da Revolução de Fevereiro, fez forte oposição à posição excessivamente coalizacionista e defensiva dos mencheviques e passou a defender o fim da coalizão liberal-socialista e a formação de um governo exclusivamente composto por partidos socialistas, incluindo os bolcheviques.[19][20][21] Manteve essa convição logo após o golpe dos bolcheviques na Revolução de Outubro,[22] mas passou a denunciar o regime leninista como uma ditadura da minoria que se afastava do conceito de ditadura do proletariado preconizado por Marx.[16][23][24] Mesmo sendo opositor de muitas das medidas do governo bolchevique, apoiou o Exército Vermelho na luta contra o Exército Branco. Bastante debilitado pela tuberculose, Martov emigrou da Rússia Soviética em 1920 e se estabeleceu em Berlim, onde morreria em 1923.[25]